Uma das principais ações apresentadas por Jair Bolsonaro (PSL) em relação à corrida deste ano ao Palácio do Planalto foi o compromisso em anunciar os nomes de seus futuros ministros antes de ser eleito. A ideia foi abandonada ainda na fase de pré-campanha. Segundo ele, alguns escolhidos para a Esplanada pediram para não ter o nome divulgado, por medo de retaliação.
Cinco nomes do primeiro escalão foram confirmados. O economista Paulo Guedes ficará responsável pelo superministério que reunirá as funções da Fazenda e do Planejamento. A pasta também deve absorver a área de Indústria e Comércio Exterior. A fusão das pastas de Agricultura e Meio Ambiente ainda não está definida.
Na Casa Civil, quem fará a interlocução do Planalto com o Legislativo será o deputado federal reeleito Onyx Lorenzoni (DEM-RS). O preferido do presidente eleito para a vaga de vice em sua chapa, general Augusto Heleno, ficará com a Defesa. A dobradinha não foi possível porque o então partido do oficial da reserva, o PRP, não se coligou com o PSL.
Na quinta-feira (1º/11), o juiz da 13ª Vara Federal de Curitiba Sergio Moro foi confirmado como ministro de uma nova pasta, que unirá Justiça, Segurança Pública e outros órgãos, como Corregedoria-Geral da União e Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf).
Outro nome confirmado é o de Marcos Pontes para a área de Ciência e Tecnologia. Bolsonaro chegou a afirmar que o convite estava feito e só dependeria da vontade do astronauta em assumir o posto na Esplanada. Ele aceitou.
Casa Civil
Onyx Lorenzoni
Onyx apoiou Bolsonaro desde o início da campanha (Foto: Fernando Frazão / Agência Brasil)
Deputado federal eleito para o quinto mandato, Onyx Lorenzoni recebeu mais de 183 mil votos neste ano, o segundo mais votado do Estado. Aos 64 anos, é médico veterinário formado pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) e sócio de um hospital veterinário em Porto Alegre, onde atuou como clínico e cirurgião por 20 anos. Ingressou no PFL em 1997 e seguiu no partido após a troca de nome para DEM. Apesar da sigla não pertencer à aliança de Jair Bolsonaro, Onyx apoiou o capitão desde o início da campanha. No Congresso, foi o relator do projeto das 10 Medidas Contra a Corrupção, aprovado na Câmara e parado no Senado. Modificações feitas pelo parlamentar ao texto original, sem acordo com os colegas de plenário, causaram mal-estar. Apesar de defender a criminalização do caixa 2, admitiu ter recebido de forma irregular R$ 100 mil da JBS em 2014. Nenhum inquérito foi aberto para investigar o caso.
Economia
Paulo Guedes
Guedes é um dos aliados mais próximos do capitão da reserva (Foto: Reprodução / Twitter)
Coordenador do plano econômico, é chamado de "Posto Ipiranga" pelo presidente eleito. Ficará à frente da Economia, que vai aglutinar as funções da Fazenda, do Planejamento e do Programa de Parceria de Investimentos.
Com viés liberal, aposta na privatização de todas as estatais, o que poderia render cerca de R$ 1 trilhão, que seriam utilizados para abater a dívida pública. Promete zerar o déficit primário no primeiro ano de governo, a partir de mudanças na Previdência, nos gastos com juros e em despesas com pessoal. Durante a campanha, em evento com empresários, defendeu a criação de um imposto nos moldes da CPMF, além de alíquota única para o Imposto de Renda, sendo desmentido por Bolsonaro. Desde então, não falou mais.
Guedes tem 69 anos e é PhD em economia pela Universidade de Chicago. A especulação no mercado financeiro é uma das marcas de sua trajetória. É um dos fundadores do Banco Pactual e do grupo BR Investimentos, hoje parte da Bozano Investimentos. Durante a campanha, virou alvo de investigação que vai apurar a suspeita de gestão fraudulenta em operações financeiras.
Justiça
Sergio Moro
Sergio Moro aceitou convite para superministério (Foto: MAURO PIMENTEL / AFP)
Natural de Maringá (PR), Sergio Fernando Moro, além de magistrado, é escritor e professor universitário. Graduado em Direito pela Universidade Estadual de Maringá, tem mestrado e doutorado pela Universidade Federal do Paraná e é juiz federal desde 1996. Moro ficou famoso por condenar o ex-presidente Lula, quando liderava as pesquisas de opinião para a Presidência da República, a nove anos e um mês de prisão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro no caso do triplex do Guarujá. Em julho de 2017, o juiz ordenou a detenção do petista.
Ciência e Tecnologia
Marcos Pontes
Pontes é mestre em engenharia de sistemas (Foto: Tadeu Vilani / Agencia RBS)
Primeiro sul-americano a ir para o espaço, Marcos Pontes, 55 anos, poderá ser mais um militar a integrar o primeiro escalão de Bolsonaro. Ex-piloto de caça, é mestre em engenharia de sistemas em Monterrey (EUA). Em 1998, foi selecionado para a Agência Espacial Brasileira por meio de concurso público.
Em 2014, se candidatou a deputado estadual em São Paulo, mas não se elegeu. Filiado ao PSL, Pontes chegou a ser sondado como vice na chapa do capitão reformado. Setores militares criticam o nome do astronauta por ter se aposentado aos 43 anos para atuar na iniciativa privada.
Defesa
General Augusto Heleno Ribeiro Pereira
Heleno foi cotado para vice de Bolsonaro (Foto: LUIS HIDALGO / AFP)
General quatro estrelas, a mais alta graduação do Exército, Augusto Heleno Ribeiro Pereira tem 70 anos e está na reserva desde 2011, depois de atuar por 44 anos nas Forças Armadas. Filiado ao PRP, chegou a ser cogitado para ser vice na chapa do capitão da reserva, possibilidade rechaçada por seu partido que queria apostar em candidaturas ao Congresso. O movimento fez o militar pedir a desfiliação da sigla. Foi chefe do Comando Militar da Amazônia, de 2007 e 2009. No período, envolveu-se em polêmica ao afirmar que a política indígena brasileira é "caótica" e "lamentável".
Por Mateus Ferraz
Diário Catarinense