Categoria decidiu em assembleia nesta quinta-feira que as garantias oferecidas pelo governo não são suficientes para interromper a paralisação
Os professores da rede estadual de educação de Santa Catarina decidiram, por ampla maioria, pela continuação da greve, que já dura 52 dias. A assembleia ocorreu na tarde desta quinta-feira no Centro de Eventos Petry, em Biguaçu, e contou com a participação de cerca de 2 mil pessoas, de acordo com o sindicato.
Segundo a assessoria de imprensa do Sinte, os professores não aceitaram a proposta do governo de garantir anistia aos grevistas para retomar as atividades. O argumento principal é de que o governo pouco avançou nas reivindicações que motivaram a greve, como a descompactação da tabela e o piso da categoria.
Para o sindicato, o resultado da assembleia já era esperado diante da resistência que o movimento vem demonstrando.
— A categoria quer garantias mais sólidas em relação às reivindicações, como as questões envolvendo regência e meritocracia. Agora a paralisação continua e as negociações dependem mais do governo do que da gente — declara o coordenador estadual do Sinte-SC, Luiz Carlos Vieira.
Com a decisão, os professores devem continuar a ocupação Alesc e na frente da Secretaria Estadual de Educação (SED).
Governo lamenta decisão
O secretário estadual de Educação, Eduardo Deschamps, afirma que o governo foi surpreendido com a decisão, visto que havia cedido em vários pedidos do sindicato.
— Lamentamos profundamente essa decisão da assembleia. Tinhamos uma expectativa positiva de encerramento da greve — diz.
A pedido da SED, o comando de greve encaminhou um documento com as condições para encerrarem a paralisação. A categoria estipulou quatro pontos principais. Dois deles foram acatados pelo governo.
Foi aceita a condição de instaurar uma mesa de negociação com prazo de 30 dias, prorrogáveis por outros 30, para discussão do novo plano de cargos e salários com a garantia de de que não fosse enviado nenhum projeto de lei sobre o tema para a Alesc durante o período.
A anistia das faltas de movimentos grevistas foi estendida de 2012 para até 2014 e as faltas injustificadas de 2015 seriam abonadas à medida que as aulas fossem efetivamente repostas, de acordo com calendário aprovado.
Já a aplicação do aumento de 13% do piso nacional da categoria para toda a carreira, retroativo a janeiro, seria discutido na mesa de negociação.
A alteração do decreto de 2010 que impede a progressão na carreira de professores com cinco faltas injustificadas, também dependeria da mesa de negociação, sendo realizado 10 dias após o início das conversas.
Segundo Deschamps, o motivo desta decisão é que as duas últimas solicitações do movimento grevista acarretam um impacto financeiro no Estado.
A Secretaria Estadual de Educação estima que haja uma adesão de menos de 10% dos professores à greve. A partir de amanhã, o governo deve se reunir para avaliar o cenário e decidir os próximos passos.
Protesto
Depois da assembleia, os professores em greve ocuparam por cerca de 15 minutos as pistas no sentido Sul no Km 192 da BR-101, interditando o trânsito. Depois da liberação da rodovia, a Polícia Rodoviária Federal registrou filas de três quilômetros nos dois sentidos da BR.
Diário Catarinense