O dia de finados, comemorado em muitas culturas e religiões em 2 de novembro, é uma data reservada, principalmente, para celebrar e homenagear os entes queridos que já morreram.
As formas de celebração, no entanto, podem ser bastante diversificadas. Algumas religiões, como a católica, reúne os seus fiéis para rezar e visitar túmulos, numa atitude religiosa de recolhimento, reflexão e compaixão. Já em certas culturas, como a mexicana, a tradição gira em torno de celebrações festivas, com comidas, bebidas, danças e pinturas faciais e vestimentas típicas.
As diferenças também podem ser observadas nos nomes atribuídos à data: dia dos fiéis defuntos, día de los muertos, dia de finados etc. Apesar das diversas origens e expressões, o significado essencial se mantém o mesmo: honrar e prestar homenagens aos mortos.
Apesar de o Dia de Finados ser uma data lembrada sempre em associação à igreja católica, a origem da celebração aos mortos pode ser atribuída aos astecas, que faziam homenagens aos seus deuses, entre eles aquele conhecido como o Senhor do Reino dos Mortos, Mictlantecuhtli.
Na Roma antiga, no entanto, também havia comemorações e cultos reservados aqueles que já não estavam mais entre os vivos. Um dos mais famosos e ricos templos da cultura romana, o Panteão, erguido sob o comando de Marcus Agrippa, fazia reverência à festa de todos deuses, data e festividade que mais tarde seriam apropriadas e ressignificadas pela igreja católica, passando a se chamar “dia de todos os santos”.
Na cultura mexicana é possível observar tanto a influência indígena dos astecas quanto o simbolismo católico na celebração chamada de Día de los muertos. O preparo de comidas e bebidas para receber a presença dos que já se foram acompanhadas de orações e rezas pelos seus entes queridos demonstra a riqueza cultural acumulada historicamente pelo povo mexicano e as diversas origens desta data.
Quando se trata do catolicismo, a festa de todos os santos foi instituída no ano 835 d.C. pelo Papa Gregório IV como forma de lembrar e honrar os fiéis católicos que já tinham partido, mas que nunca eram lembrados nas festividades e no calendário da igreja no geral.
Desde então, o segundo dia do mês de novembro de tornou uma data universalizada e comemorada em todo o mundo. Além disso, também coincide com as cerimônias e festejos de religiões protestantes e movimentos culturais em diversos países e etnias.
Como é celebrado o dia de finados?
O dia 2 de Novembro, dia de finados, é celebrado no catolicismo com a reunião dos fiéis para rezarem por todas as almas que se encontram no purgatório aguardando o dia do julgamento final. Muito além de orações intercedendo por todos aqueles que já partiram, o propósito deste dia é pedir pela bem-aventurança dos entes queridos perante Deus, para que este conceda misericórdia e paz às almas dos falecidos.
No dia finados, são realizadas três missas especiais para interceder pelos fiéis defuntos. Inicialmente, a prática de reservar a realização das três missas nesta data foi adotada pelo Santo Odilon, na França, durante o século XI. Em momentos históricos posteriores, a tradição foi adotada e universalizada em toda a igreja católica, passando a ser celebrada da maneira como é conhecida atualmente.
Porque dia 02 de Novembro é o dia dos finados?
A origem da data escolhida para celebrar o dia de finados está muito mais relacionada às tradições, crenças, cultura e mitologia asteca e celta do que à influência católica, que apenas aderiu ao costume de homenagear os seus mortos séculos depois.
No entanto, uma das possíveis motivações apontadas historicamente para que o dia 2 de Novembro tenha sido reservado para o dia de finados e resistido como data de celebração aos que já partiram é a sequência histórica de apropriação de culturas e religiões antigas, que foram sendo conquistadas e tiveram alguns de seus símbolos apropriados e mantidos ao longo dos séculos.
Um exemplo é a conquista do povo celta pelos romanos, que se apoderaram dos seus costumes de celebração aos mortos. Essa apropriação, entretanto, não se deu sem uma ressignificação e “mistura” com crenças e mitologias próprias.
Séculos depois, a igreja católica, como forma de dar um significado católico à tradição popular, também instituiu a prática de interceder em favor dos seus mortos. Todavia, historicamente, a herança do dia de finados pode ser reconhecida como sendo essencialmente de raiz indígena.
Dia de finados e as religiões
Os espaços reservados para prestar homenagem aos que já morreram, não apenas entes queridos e pessoas que fizeram parte de determinadas religiões, mas todos os indivíduos em geral, pode ser observado em quase todas as religiões, especialmente aquelas nascidas de tradições antigas.
Em sociedades antigas, quando a conexão com os ciclos da terra eram estavam no centro das tradições e costumes sociais, os festivais em homenagem aos mortos eram realizados logo após o período de colheitas. Dessa maneira, os meses que se seguem após agosto, seriam reservados não apenas para homenagear os membros já falecidos das comunidades, mas também para diversos outros festivais.
Iniciativas e comemorações similares são encontradas no registros históricos de diversas sociedades antigas, como o povo persa, os habitantes da ilhas Tongas e dos Ilhéus do pacífico e as antigas etnias e culturas da américa do sul. Além disso, os europeus e os Incas também tinhas festas para celebração dos seus mortos.
Na religião e crenças do Egito antigo, o mês de Agosto era reservado para celebrar a morte de Osíris. Para isso, o povo egípcio ia até as margens dos rios onde deixavam barcos para homenagear a morte de um dos mais importantes deuses da cultura egípcia.
Nas sociedades europeias, as festividades duravam três dias simbólicos em que cada um representava um momento do dilúvio, grande acontecimento bíblico. No primeiro, as atividades festivas retratavam o mundo e sua perdição antes do grande dilúvio, com toda a sua maldade e pecados. Já no segundo, a celebração girava em todo de reverenciar os justos, aqueles que foram salvos e que, portanto, seriam dignos de herdar a terra. O terceiro, enfim, era reservado à comemoração e honra daqueles que repovoaram uma nova terra. Séculos depois, o primeiro dia se tornou a data comemorativa do Halloween.
Seguindo as comemorações populares das demais culturas, a sociedade japonesa também reserva um importante festival para homenagear os seus mortos. Se trata do Bon Festival, celebrado no mês de Agosto. Nesta data, os japoneses se reúnem com seus familiares e levam presentes para os seus entes queridos. As oferendas são organizadas em pequenos barcos e colocadas nos oceanos a meia noite. Outras iniciativa similar é realizada pelos budistas chineses e leva o nome de Festival dos Fantasmas.
No hinduísmo acontece o Pitri Paksha, que é realizado durante os últimos 15 dias do mês de Setembro e, assim como a antiga tradição egípcia, também homenageia seus deuses e destaca pontos significativos de suas histórias e tradições religiosas.
A quinta-feira dos mortos ou dos segredos é uma data comemorativa que une cristãos e mulçumanos na região de Levante, localizada na Ásia Ocidental. As duas religiões compartilham esse traço cultural que se origina de cada uma delas e da sua própria história e crenças.
A festa é mais popular entre as mulheres cristãs e muçulmanas, que visitam os túmulos fazem orações, distribuem o pão amarelo, alimento típico, e fazem ações de caridade para os pobres, seus familiares e as crianças de forma geral.
Como é celebrado o dia de finados no Brasil?
De maioria católica e protestante, o dia de finados no Brasil é comemorado, principalmente, pela reunião de fiéis nas igrejas e pelas visitas aos túmulos dos entes queridos. O acendimentos de velas e a realização de rezas nos cemitérios é uma das atividades que melhor expressam a forma como a data é celebrada no Brasil.
As missas e as reuniões para homenagear e interceder em favor dos que já partiram se tornaram atividades religiosas tradicionais na sociedade brasileira durante os dias 1 e 2 de Novembro.
Como é celebrado o dia de finados nos outros países?
Apesar das diferenças e particularidades de cada país e cultura, no dia 2 de novembro de prestam homenagens aos falecidos em muitas partes do mundo. No México, seguindo uma tradição bastante próxima da católica, os familiares relembram as crianças que morreram antes de serem batizadas no dia primeiro de novembro. Já o segundo dia do mês é reservado à celebração dos mortos de maneira geral, com muitas festividades tradicionais.
O Día de los muertos não traz em si o pesar do luto. É, antes de qualquer coisa, uma data que deve ser celebrada com alegria, segundo a cultura mexicana. Na véspera do feriado, as famílias preparam comidas e bebidas que eram apreciadas pelos seus entes queridos. Acredita-se que nesta data os espíritos dos familiares falecidos fazem visitas e comemoram junto com eles.
Além disso, há muitas danças típicas e vestimentas tradicionais para essa data do ano. As mulheres e crianças pintam os seus rostos com o desenho de caveiras e usam arranjos e arcos de flores em seus cabelos. Há a preparação de altares com comidas e flores, flor de muerto, em abundância para receber os espíritos dos mortos. Uma das receitas mais comuns para essa festividade é a caveira de açúcar.
Como é possível notar nas origens e comemorações que cercam o dia de finados e outras festividades, a homenagem aos entes queridos circunda todas as culturas e povos. Relembrar com carinho as pessoas que marcaram as nossas vidas e que já partiram é uma maneira de mantê-los vivos em nossas memórias.