As tardes de dona Alida Grubba são dedicadas ao jogo de baralho. Completando 112 anos nesta sexta-feira, a jaraguaense se mantém lúcida por meio de jogos, televisão e muita conversa. As atividades servem como passatempo e estimulam a memória da centenária, que fará uma festa para mais de 90 pessoas no domingo para comemorar o aniversário.
Para passar dos cem anos, existe um segredo: ser bem cuidada. Essa é opinião da cuidadora Darci Holtz, 64 anos. Há 18 anos, Darci dedica 24 horas do dia a dona Alida. Atualmente, mais duas pessoas tomam conta da idosa de 112 anos e revezam os cuidados nos finais de semana.
– Quando comecei a cuidar da dona Alida, ela tinha 95 anos. Ainda ia para o salão de beleza com sua motocicleta a bateria e andava por todos os lugares. Desde que parou de andar por causa de um tombo, o serviço ficou mais difícil – relata.
A rotina de dona Alida costuma começar por volta das 9 horas. No café da manhã, ela gosta de comer banana, mamão, pão e tomar uma boa xícara de café. Ainda pela manhã, toma banho, assiste à televisão e dorme mais um pouco.
No almoço, a refeição é feita com pouca gordura e nenhuma fritura. A tarde é dedicada à jogatina. Alida gosta de jogar canastras às 15 horas. Segundo as cuidadoras, ela é bem competitiva e ganha quase todas. Por volta das 18h30, é a hora do jantar e, depois, assiste a mais televisão e vai dormir por volta das 22h30.
– Eu gosto de distrair a minha cabeça. Vejo noticiário, escuto rádio, jogo baralho e converso com as meninas. Elas me cuidam muito bem – revela dona Alida.
Outra diversão é passear pela cidade e, nos finais de ano, ir para a praia da Enseada, no Litoral Norte. Dona Alida é exigente: todo ano, aluga um apartamento de frente para o mar. Segundo ela, gosta de olhar as ondas e relembra quando ia para a casa de praia de seu pai em Ubatuba. Além disso, Alida se diverte acompanhando Darci nos serviços de banco e supermercado, quando ela anda de carro e observa a cidade.
Natural de Jaraguá do sul, Alida tem um filho de 89 anos, Ademar Rudge, um casal de netos e dois bisnetos. Os familiares moram no Estado de São Paulo. Dona Alida vive num casarão construído em 1905 pelo pai, Bernardo Grubba, na rua Epitácio Pessoa, esquina com a rua que foi batizada com o nome dele, e que é considerado patrimônio histórico cultural de Jaraguá.
Lá, Alida mostra os quadros que pintou e as almofadas de ponto-cruz que aprendeu a bordar na escola. Segundo Alida, ela teve e tem uma vida muito boa, não pode reclamar de nada, pois é bem-cuidada.
O peso da idade
Nem tudo são flores. Alida Grubba descobriu há pouco tempo que está com gota, uma doença caracterizada pela elevação de ácido úrico no sangue, acarretando em artrite aguda.
– Ela sente muita dor por causa da artrose. Agora, a gota só piorou a situação. Durante o dia, ela toma cerca de cinco remédios para controlar a pressão, a arritmia cardíaca e o colesterol – afirma a cuidadora Darci.
Segundo Darci, os médicos afirmam que a longevidade de Alida está relacionado aos cuidados diários e a fatores genéticos. A cuidadora relembra do pior momento que teve ao lado de dona Alida, quando ela teve um enfarto em 2013.
– É como se ela fizesse parte da nossa família. Cuidamos dela, e nossos filhos vêm jogar cartas com a dona Alida – conta Darci.
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