Após vários dias seguidos de temporais, que trouxeram prejuízos para muitos municípios do Alto Vale, a chuva com vento forte de quinta-feira (17), atingiu principalmente a cidade de Lontras que teve uma ponte comprometida e cerca de 100 casas destelhadas. Diante dos estragos, o prefeito Marcionei Hillesheim, afirmou que o Radar Meteorológico instalado na cidade, não emitiu qualquer alerta.
“Sempre dizem que está funcionando, mas nunca vimos nada, nunca recebemos nenhum aviso. Nunca ajudou em nada”, questionou.
Na opinião dele, o radar que custou mais de R$ 10 milhões, não vem trazendo o retorno esperado e Lontras seria melhor atendida na área de Defesa Civil, se o dinheiro tivesse sido aplicado em outras obras, como por exemplo, a dragagem do rio. “A dragagem e limpeza do rio para nós adiantaria muito mais”, disse.
A Defesa Civil do Estado esteve no município nesta sexta-feira (18) para fazer um levantamento dos estragos, e o prefeito revelou que os servidores do órgão contaram que não havia previsão do fenômeno que aconteceu. “Eles acham que pode ter sido uma micro explosão e agora vão avaliar. Nos falaram que se a gente decretasse Situação de Emergência Nível um, eles poderiam estar ajudando com eternite e com kit de assistência comunitária que seriam colchões e travesseiros, mas aqui, a maioria das casas são com telha e não adiantaria, então vamos ajudar essas famílias através da Assistência Social mesmo.”
O temporal atingiu somente as localidades de Riachuelo e Vila Jacobsen, mas deixou um verdadeiro rastro de destruição. O levantamento ainda está sendo feito, mas a prefeitura acredita que mais de 100 casas tenham sido destelhadas. Na cidade estruturas públicas como o centro de eventos, a Secretaria de Obras e até um CEI foram destelhados, mas a situação mais grave, de acordo com o prefeito, foi uma ponte pênsil que havia sido comprometida, mas nesta sexta-feira (18), foi consertada. “Essa ponte liga dois bairros e a população ocupava muito. Sem ela o outro trajeto era só via BR-470 e fica uns 10 quilômetros mais longe, então, arrumamos ela com recursos próprios”, disse o prefeito.
População contabiliza estragos
Como muitos telhados foram arrancados, grande parte das residências ficaram e moradores perderam inclusive móveis e eletrodomésticos. A conselheira tutelar, Juliana Silva Kuhn, conta que na casa dela a situação é complicada e o conserto vai levar vários dias. “Arrancou até as madeiras do telhado, parecia um tufão. Na minha cunhada que estava em casa com a bebê recém nascida, só deu tempo de tirar a menina de 15 dias do berço que o telhado caiu. O berço onde ela estava quebrou todo com os tijolos, poderia ter acontecido uma fatalidade.”
A diarista Marilze dos Santos, também teve o telhado da casa comprometido e lamentou a situação na localidade de Riachuelo. “É muito triste. Aqui em casa molhou cama, móveis, sujou tudo e é de desanimar. Mas o mais difícil é olhar para um vizinho e outro e ver tanta destruição. Tem pessoas que perderam tudo.”
O que diz a Defesa Civil?
O radar foi construído com a alegação de que seria uma ferramenta essencial para a previsão de curtíssimo prazo, até três horas, e emissão de avisos e alertas. Na época a Defesa Civil ressaltava que aliado com estações meteorológicas de superfície, sensores de detecção de raios, sondagens atmosféricas, modelos de previsão numérica do tempo e imagens de satélite, haveria um ganho significativo na detecção e principalmente na antecipação de tempestades e isso iria possibilitar a mobilização de equipes para atendimento e a emissão de alertas e avisos a população, reduzindo os riscos e os danos.
Por telefone, o secretário da Defesa Civil, João Batista Cordeiro Júnior, afirmou que o radar de Lontras está funcionando normalmente e disse que a Defesa Civil emitiu os alertas de tempestade via SMS, mas não soube dizer com qual antecedência. Ele comentou ainda que na cidade os danos foram considerados pequenos. E o fenômeno será avaliado. “Não podemos dizer se houve realmente uma micro explosão, então os nosso meteorologistas vão avaliar para termos essa definição”, contou.
Questionado sobre a possível ajuda ao município, ele comentou que a Defesa Civil de Santa Catarina distribui primeiramente lonas e que tem telhas para disponibilizar, mas que isso só acontece quando a situação é de maior gravidade. “O Sistema Nacional de Defesa Civil prevê que primeiro o município atua e se ele não tiver condição de resolver a situação, o Estado complementa e depois se foi mais necessário ainda a União. Lá provavelmente não vai ser decretado Situação de Emergência, porque uma série de critérios não foram atingidos”, completou.
Por Helena Marquardt
Diário do Alto Vale