No próximo dia 20 de novembro, o Brasil celebra o Dia da Consciência Negra, um feriado nacional que vai além de uma simples data comemorativa. Criado para homenagear Zumbi dos Palmares, líder do Quilombo dos Palmares e símbolo da resistência negra contra a escravidão, o dia convida a uma profunda reflexão sobre a luta histórica e contemporânea da população negra no Brasil.
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Zumbi, nascido em 1655, foi uma figura central no quilombo, que era um refúgio para escravos que fugiam de engenhos e fazendas. O Quilombo dos Palmares, situado na Serra da Barriga, atual estado de Alagoas, chegou a abrigar mais de 30 mil pessoas. Zumbi liderou a resistência contra as expedições portuguesas que tentavam destruir o quilombo e capturar seus habitantes. Em 1695, ele foi morto, mas seu legado de luta e resistência permanece até hoje.
O Dia da Consciência Negra foi escolhido justamente por marcar a morte de Zumbi, em 20 de novembro, simbolizando não apenas o fim de sua vida, mas o início de uma longa caminhada em busca de liberdade e igualdade para os negros no Brasil.
Embora o Sul do Brasil seja menos associado à escravidão em comparação com outras regiões, como o Nordeste e o Sudeste, Santa Catarina também teve participação significativa no regime escravista. Durante os séculos XVIII e XIX, africanos foram trazidos ao estado para trabalhar principalmente em fazendas e em atividades portuárias. O porto de Desterro, atual Florianópolis, foi um ponto importante de entrada de escravos no estado.
Na região do Vale do Itajaí, assim como em outras partes de Santa Catarina, muitos negros escravizados trabalharam na agricultura, especialmente em engenhos de cana-de-açúcar, e mais tarde em atividades ligadas à pecuária e extração de madeira. Quilombos também foram formados no estado, sendo o Quilombo Invernada dos Negros, localizado em Campos Novos, um exemplo de resistência que ainda mantém seus descendentes até hoje.
O feriado é um convite à reflexão sobre o impacto da escravidão no país e sobre as condições de vida da população negra. Durante séculos, milhões de africanos foram trazidos ao Brasil para trabalhar como escravos, formando a base da economia colonial. Esse passado de opressão reflete-se até hoje em desigualdades sociais, racismo e preconceito.
A data destaca a necessidade de políticas de inclusão e a valorização da cultura afro-brasileira. Desde a música e culinária até a religião, a contribuição negra é fundamental para a identidade brasileira. No entanto, apesar de sua importância, a população negra ainda enfrenta desafios enormes em áreas como educação, emprego e acesso a serviços de qualidade.
Apesar dos avanços obtidos com a implementação de políticas afirmativas, como as cotas raciais em universidades e concursos públicos, a população negra ainda enfrenta muitos obstáculos. Dados recentes apontam que os negros ainda são a maioria entre os desempregados e subempregados no Brasil, além de sofrerem mais com a violência urbana.
No Alto Vale, a luta contra o racismo também está presente no dia a dia de muitos moradores. Há relatos de discriminação racial em escolas, no mercado de trabalho e até no acesso a serviços básicos. Organizações estão engajadas na promoção de debates sobre o tema, buscando criar espaços de diálogo e conscientização.
O Dia da Consciência Negra vai além de um feriado. É uma oportunidade para o Brasil revisitar seu passado e refletir sobre os desafios ainda enfrentados pela população negra. A história de Zumbi dos Palmares, de luta e resistência, serve de inspiração para que a busca por igualdade e justiça continue viva em todos os cantos do país, inclusive no Alto Vale, na sua cidade, na sua casa, onde a conscientização e o combate ao racismo precisam ser constantes.