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Prefeito de Presidente Nereu investigado por compra de votos afirma que tinha "dívidas"

Prefeito de Presidente Nereu investigado por compra de votos afirma que tinha Prefeito de Presidente Nereu, Antonio Comandoli (PT) (Foto: Reprodução RBSTV)

Segundo delegado, político de Presidente Nereu, de SC, negou corrupção.
Eleitores suspeitos de vender voto começaram a depor nesta quarta (24).

A Polícia Federal (PF)  começou a ouvir na manhã desta quarta-feira (24) cerca de 70 eleitores que teriam participado de um suposto esquema de corrupção envolvendo o prefeito de Presidente Nereu, no Vale do Itajaí. Antonio Comandoli (PT) é suspeito de “comprar” votos oferecendo em troca notas promissórias, que somariam R$ 3 milhões. Entretanto, para a PF, ele disse que estaria pagando 'dívidas' que contraiu com moradores da cidade, por ter pedido empréstimos.

As investigações da Operação Prometeu começaram há um ano. De acordo com o delegado Thiago Giavarotii, da PF em Itajaí, também no Vale, oito pessoas foram ouvidas após a operação ser deflagrada, ainda na terça-feira (23), entre elas o prefeito, uma filha e um genro dele.

“O prefeito negou algumas acusações e não respondeu a algumas perguntas”, disse o delegado. “Ele afirmou que tinha muitas dívidas, e que as notas promissórias seriam provenientes dessas dívidas. Mas o que chama atenção é que ninguém toma empréstimos de tantas pessoas diferentes. Ele não teria como pagar”, diz Giavarotti.  Além do salário de cerca de R$ 6 mil de prefeito, recebe uma aposentadoria no valor de R$ 1,5 mil.

Questionado pela reportagem da RBS TV sobre uma nota promissória com a assinatura dele, o prefeito negou a autoria. “Essa nota não é minha. Qualquer um pode assinar”, afirmou Comandoli.

A expectativa é de que todos os eleitores suspeitos de trocar votos por notas promissórias sejam ouvidos pela Polícia Federal até sexta-feira (26). De acordo com a PF, a delegada Luciana de Castro Ribeiro, responsável pela operação, poderá pedir um novo depoimento do prefeito, caso haja divergências nos depoimentos.

A PF cumpriu na terça-feira seis mandados de busca e apreensão e oito de condução coercitiva – uma pessoa que seria intimada a prestar esclarecimentos não foi localizada. Praticamente todas as provas já foram colhidas, na avaliação da PF.

Funções mantidas

O prefeito segue com suas funções mantidas. Segundo o delegado, não há previsão, por enquanto, de que seja expedido nenhum mandado de prisão contra os investigados.

A Câmara de Presidente Nereu informou que ainda não definiu se pedirá o afastamento do prefeito. “Estamos analisando as informações e aguardando a conclusão da operação, nos próximos dias, para tomar as medidas necessárias, dentro do regimento da Casa e conforme a Lei Orgânica do Município”, afirmou a secretária-geral Marli Mota de Macedo.

Investigação dura 1 ano

A investigação apura corrupção eleitoral na cidade. Os trabalhos iniciaram há um ano, a partir da denúncia de um morador, segundo a Polícia Federal.

Conforme a PF, o prefeito de Presidente Nereu, Antonio Comandoli (PT), é suspeito de trocar votos por notas promissórias entregues aos eleitores. "Foram emitidas notas para os quatro anos de mandato e os valores das notas variavam de R$ 500 a R$ 95 mil”, detalhou na terça-feira o delegado Ildo Rosa.

Durante a manhã desta terça (23), foram cumpridos mandados de prisão e busca e apreensão na cidade. “Foram apreendidas notas fiscais. Esses elementos serão analisados e periciados”, explicou o delegado-chefe da delegacia da Polícia Federal de Itajaí, no Vale, Alexandre Braga.

Inquérito

Braga explicou que a polícia pretende concluir o inquérito em 30 dias. "É a estimativa, mas às vezes fica alguém que precisa ser ouvido", diz Braga.

“Pretende-se identificar, localizar e ouvir 70 pessoas que teriam sido beneficiadas direta ou indiretamente”, afirmou Braga. Segundo ele, além dos 70 suspeitos, as nove pessoas que receberam mandado de condução nesta terça também serão ouvidos pela polícia.

R$ 3 milhões em notas

“Estima-se que R$ 3 milhões em notas tenham sido emitidos. Todo esse valor sairia dos cofres públicos”, afirma o delegado Braga. No entanto, segundo ele, ainda não é possível saber o valor que já teria sido desembolsado pelos cofres públicos do município que, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), possuí 2.312 habitantes.

“Os compromissos eram de empregos, contratos com a prefeitura. Algumas das promissórias não foram honradas. Ele fazia um contrato e se não conseguia pagar, criava um contrato fictício só para pagar aquela obrigação”, detalha Braga.

A delegada da Polícia Federal de Itajaí, Luciana de Castro Ribeiro, responsável pela operação, informou à equipe de reportagem da RBS TV que o prefeito também ofereceria medicamentos e cargos públicos, garantidos pelas notas, em troca dos votos.

G1SC

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