Com a diminuição das chuvas, o plantio de cebola se intensificou na região do Alto Vale do Itajai, nas últimas semanas. As estimativas dos técnicos são de que mais de dois terços da área a ser cultivada está implantada em Santa Catarina.
No caso da semeadura direta as lavouras estão todas semeadas, tanto no Vale do Itajaí, quanto no Planalto. A adoção desta técnica aumentou consideravelmente nesta safra, chegando a 40% da área cultivada no estado.
Mas, o excesso de chuva do outono, causou a perda de sementes e a mortalidade de plantas em muitas lavouras. Muitos produtores fizeram novas semeaduras, aumentando os custos.
Em algumas áreas, todavia, a população de plantas ficou pequena, significando perda provável de produtividade.
Em Santa Catarina o prognóstico é de que a área cultivada será similar à safra anterior: 19 mil ha. Já no Rio Grande do Sul, como resultado das perdas da safra passada, estimadas em 40%, a área deve diminuir, principalmente nos municípios de Tavares e São José do Norte.
A falta de mão de obra, atraída para a indústria naval em franco desenvolvimento na região, também contribui para a redução.
No Paraná a área deve reduzir em torno 5%, com os produtores optando por outros cultivos.
Atualmente o mercado brasileiro é abastecido principalmente pelas cebolas claras de São Paulo, Cerrado e Nordeste.
Os preços recebidos pelos produtores variam de R$ 0,69/kg em Irecê/BA, a R$ 0,90, em Monte Alto/SP (bulbos classe 3).
Com a intensificação das colheitas nestas regiões as importações da Argentina recuaram em julho.
No primeiro semestre somaram apenas 112 mil t, ou seja, 56% a menos que no ano anterior, segundo a Secex (órgão do Ministério da Indústria e Comércio que controla as importações no Brasil).
Os preços médios pagos na fronteira também recuaram nesta temporada, ficando até o momento, cerca de 45% menores do que no ano passado.
Atualmente os importadores pagam R$ 22,50/saco de 20 kg em Porto Xavier/RS, posto da alfândega por onde entra a maior parte da cebola do país vizinho.
A expectativa maior está relacionada com as previsões climáticas, pois caso se confirme a ocorrência do fenômeno “El Niño”, e consequentemente o excesso de chuva na primavera, os custos com controle de doenças podem aumentar e as perdas por podridões bacterianas diminuir os rendimentos.
Por outro lado, a redução de cultivo em outras regiões, principalmente no Rio Grande do Sul, as dificuldades com a falta de água para irrigação em São Paulo e Minas, e o baixo preço pago à cebola argentina, podem ser bons indicativos.
Mas, ainda é cedo para previsões e é preciso investir na produção, principalmente na adoção de tecnologia.
Daniel Schmitt/Epagri