A possibilidade de captar água da represa do Perimbó, em Petrolândia, para abastecer algumas cidades do Alto Vale foi descartada pelo presidente da Casan Valter José Gallina num primeiro momento. No entanto a companhia fará mais estudos para determinar se essa é ou não uma alternativa viável.
O pedido de estudos para a captação, havia sido feito em uma reunião entre o deputado federal Rogério Peninha Mendonça, o prefeito de Ituporanga, Arno Alex Zimmermann, o empresário Gervásio Maciel e o presidente da Companhia, mas a ideia não foi bem aceita. “Em alguns aspectos ele citou que estiveram lá e as pessoas dizem que existem determinados períodos de seca e que teriam que buscar em outro local, que as represas não são permanentes”, contou Peninha sobre o posicionamento de Gallina.
Ele explicou ainda que o presidente citou que outra questão que traz dificuldade é que as represas estão em terrenos particulares e que os proprietários podem não autorizar a captação. “É diferente de um rio onde podemos captar água porque é público. Mas a represa é da pessoa. Também tem a situação de um rio, que não lembro mais o nome, e que está sendo contestado na Fatma, como ele foi desviado para colocar água na represa. Então em alguns aspectos eles apontaram negativamente em relação a essa proposta. Eles vão estudar mais e conversar conosco para evoluirmos porque nós não aceitamos muito aquele parecer”, alegou.
O empresário Gervársio Maciel, que também já foi prefeito de Ituporanga e é um dos maiores defensores da proposta, ressaltou que o presidente da Casan se comprometeu a vir até a região com alguns técnicos. “Dizem que não tem água que chega, mas se não dá para abastecer tudo até Rio do Sul, pelo menos o pessoal de Petrolândia e de Ituporanga ia ter uma água boa, sem problema de contaminação com veneno”, disse.
O empresário afirmou ainda que na localidade de Faxinal do Tigre, próximo a represa há espaço para armazenar água para até seis meses. “Hoje a gente pode pegar o exemplo de São Paulo, lá tem até o lado morto e nós não precisamos nem ter a reserva morta. As barragens para fazer lá são tudo barragens de barro, com dois metros de altura, de um custo muito insignificante. E se levantar uma de seis metros de altura olha quantos metros cúbicos de água que dá. Um engenheiro sanitarista que veio aqui para trabalhar com a prefeitura de Ituporanga que falou isso.
Ele dimensionou e explicou que é só saber a quantidade de água que nós temos naquela região o ano inteiro. Podemos usar aquele cano que toca uma usina embaixo, só engata ali e vem embora. Com isso já dá água para Petrolândia e Ituporanga sem problema nenhum”, defendeu.
Gervásio comentou ainda que durante a enchente, muitas cidades tem problemas no abastecimento, mas que se a água fosse captada na represa em Petrolândia isso não iria acontecer. “Se fosse uma obra bilionária até entenderia, mas está orçada em R$ 12 milhões e o que são R$ 12 milhões para uma Funasa, para o Governo federal, para o Ministério das cidades?”, questionou.
Chefe da agência disse que proposta é inviável
Em entrevista ao jornal Diário do Alto Vale no final de fevereiro, o chefe da agência da Casan de Petrolândia, Marlindo Hemkmaier, afirmou que acreditava que o projeto é praticamente inviável. “Nesse projeto a tubulação passaria por dentro da tubulação da Klabin e quando eles desligam iria faltar água. Já fui lá várias vezes e também não teria água para abastecer todos esses municípios como se fala”, opinou.
Ele ressaltou que há uns 10 anos atrás, quando não havia tanta fiscalização ambiental a represe chegou a secar. Além disso, para Hemkmaier, a captação de Petrolândia, que acontece hoje na localidade de Rio de Dentro já é de ótima qualidade. “É uma das melhores da região porque o leito é de pedras, não é de lodo nem barro, então é uma água bem mais limpa já que a maioria das propriedades tem fossa e os dejetos não são lançados no rio. A quantidade de coliformes fecais na água bruta é muito pequena se comparada a outros lugares”.
Helena Marquardt / DAV