Às margens do Rio Ipiranga, em 7 de setembro de 1822, Dom Pedro I proclamou que o Brasil seria independente. A partir disso, o território deixou de ser colônia de Portugal e passou a ser um país, com governo, povos e símbolos próprios.
De lá para cá, são quase 200 anos de história. O Brasil passou por uma série de mudanças e regimes políticos, mas a comemoração do aniversário da independência se manteve. Nas ruas, bandeiras decoram as casas de pessoas que fazem questão de mostrar o amor que sentem pela pátria brasileira.
Defensora da pátria, Lenira Stuart demonstra seu amor com a bandeira na fachada de casa. Aos 73 anos de idade, ela recorda que a afeição pelo símbolo vem desde a infância, quando recortava figurinhas para preencher seus cadernos.
A peça como conhecemos hoje- colorida de verde, amarelo, azul e branco- foi criada em 1889 para representar as conquistas e o momento histórico do país, que deixava de ser império e se tornava uma República.
Lenira percebe o patriotismo em outras pessoas de seu círculo social. “Se nascemos aqui temos que amar a nossa pátria”, reflete. Durante os anos que contribuiu como professora, aproveitava o espaço para passar este sentimento aos seus alunos. Hoje, ela diz que a maior parte deles são patriotas e compartilham imagens da bandeira no WhatsApp.
Algumas honras envolvem a apresentação da bandeira nacional. Como expresso no site do Palácio do Planalto, sempre que hasteada à noite, ela deve estar iluminada. Quando há mais de uma nas hastes, a brasileira precisa ser a primeira a atingir o topo e a última a descer.
Outras curiosidades são que a bandeira nacional fica a meio mastro durante os funerais, mas deve subir até o topo antes de ser posicionada no local. É considerado desrespeito apresentá-la em mau estado de conservação.
No símbolo da nação, alguns elementos são privilegiados em meio à diversidade da cultura brasileira. As cores da bandeira ressaltam alguns dos bens nacionais: o azul lembra os rios, as matas são reforçadas pelo verde e as riquezas recebem homenagens através dos tons amarelados.
Ritos cívicos, como a continência à bandeira, estão impregnados na rotina militar. João Carlos Pawlick, presidente da APRASC (Associação de Praças do Estado de Santa Catarina) acredita que “é como um ferro quente na pele, que marca a alma e faz com que os militares vejam a sociedade através de filtros que o civil não vê. Aquele sentimento de proteção tanto da sociedade como do Brasil como um todo”.
“Todos os dias pela manhã, os alunos entram em forma, fazem o hasteamento da bandeira e cantam o hino nacional, do colégio e da independência”, conta o professor Reginaldo Rocha de Souza, que leciona história no colégio militar da PMSC.
Na instituição, a educação tradicional é reforçada com o ensinamento de valores e disciplinas inerentes aos militares. “Tem a questão do amor à pátria, não apenas em um aspecto amplo, mas na ideia de que ele pode fazer algo diferente e contribuir para o desenvolvimento da nossa nação como um todo”.
Os alunos de Reginaldo mostravam seus orgulho pela pátria nos desfiles do dia 7 de setembro, que não acontecem há dois anos por causa da pandemia do novo coronavírus. Eles anseiam pela volta, mas o professor reforça que a comemoração não deve estar restrita à data.
“Tem este entendimento de que podemos fazer algo diferente a cada dia para o nosso entorno. Então, o colégio desenvolveu várias ações sociais ao longo do ano para mostrar a importância deles ajudarem uns aos outros e que isso não seja apenas um dia, que seja feito durante o ano inteiro”, comenta.
Este é um sentimento que impulsiona as ações de Tiago dos Santos Lemos, estudante na escola militar. Mesmo sem poder desfilar no dia 7 de setembro, ele entende que é possível fazer muito pela nação ajudando o próximo. “A gente tem que se perguntar não o que a pátria vai fazer pela gente, mas o que nós podemos fazer pela pátria”, reflete citando uma frase de John Kennedy.
Os estudantes entenderam o recado passado pela instituição durante a formação no colégio militar e planejam aplicar seus conhecimentos no dia a dia. Victória Schmidt da Silveira, de 17 anos, vai cursar vestibular para Engenharia Química. Segundo ela, estudar com os valores militares fará com que prestigie mais o Brasil, seus feitos e cientistas. No fim, ela deseja: “que na minha profissão eu possa ajudar a tornar o Brasil melhor”.