Compra de votos através de notas promissórias. Esta é a principal investigação da Operação Prometeu, deflagrada pela Polícia Federal na manhã desta terça-feira (23) em Presidente Nereu. Foram cumpridos sete mandados de busca e apreensão e nove de condução coercitiva (para prestar depoimentos), em vários pontos na cidade, inclusive na prefeitura.

Segundo a PF, a investigação começou há um ano e apurou que o prefeito Antonio Comandoli (PT) e seus cabos eleitorais distribuíam notas promissórias para conseguir votos. Cada pessoa recebia quatro notas promissórias, uma para cada ano de mandato e que variavam de acordo com o serviço oferecido, ficando entre R$ 500 e R$ 95 mil. Por exemplo, se a promessa ao eleitor era um cargo de R$ 2 mil por mês, cada promissória seria de R$ 24 mil, correspondente a um ano.

Em entrevista à Rádio Mirador, de Rio do Sul, a delegada da PF Luciana Castro Ribeiro informou que pelo menos 70 pessoas que receberam as notas foram mapeadas pela investigação. Ela informou que estas pessoas também podem responder pelo crime de corrupção eleitoral e, por isso, pede a colaboração na investigação:

— Quem tiver essas notas e quiser apresentar, basta procurar a sede da Polícia Militar em Lontras. Fica mais fácil quando a pessoa colabora, por isso a gente orienta que todos procurem. Caso contrário, não está descartada a possibilidade de investigarmos e até buscarmos mandados para fazer buscas nas residências.

Luciana não descarta que, após a análise dos documentos apreendidos, seja emitido algum mandado de prisão. Ela informou que o Tribunal Regional Eleitoral (TRE) também vai investigar o caso.

Contratos irregulares também são investigados

Como o candidato não conseguiu pagar todas as promessas, foram formalizados contratos fictícios entre a prefeitura e os donos das promissórias para tentar quitar os débitos. Segundo a PF, esses serviços eram falsos ou não eram entregues.

Calcula-se que foram emitidas nas eleições de 2012 cerca de R$ 3 milhões em notas promissórias. Mas a investigação diz que o prejuízo só será determinado após análise da documentação apreendida durante a operação policial.

Os investigados devem responder por crime de compra de voto com pena de até quatro anos e multa, além de correr o risco de perderem os cargos e ficarem inelegíveis por até oito anos. Pessoas que seriam favorecidas pelas notas promissórias também podem responder criminalmente por corrupção passiva.

Jornal de Santa Catarina