O tráfego de veículos pesados entre Ituporanga e a BR-470 em Rio do Sul, que estava restrito desde 2015, voltou a ser liberado oficialmente nesta quinta-feira (13). A mudança, autorizada pelo Departamento Estadual de Infraestrutura (Deinfra), no entanto, gerou ainda mais polêmica já que a responsabilidade sobre parte do trajeto é da prefeitura de Rio do Sul que não foi consultada sobre a passagem dos chamados rodotrens de nove eixos.
A liberação foi tema de uma reunião agendada pelo prefeito de Ituporanga, Osni Francisco de Fragas, com o governador Eduardo Pinho Moreira, na terça-feira (11), em Florianópolis. No encontro, lideranças empresariais do Alto Vale entregaram para o emedebista um ofício solicitando a passagem e ele se comprometeu a conversar com o presidente do Deinfra, Paulo França. Um dia depois do pedido, França anunciou a liberação das 4h às 7h e das 20h às 23h.
No entanto, a mudança não pode ser comemorada, já que de acordo com a a assessoria de imprensa do próprio Deinfra, vale apenas para SC-350 e não para a rua Rui Barbosa, trajeto que os motoristas precisam fazer para chegar à BR-470.
Questionado, o prefeito de Rio do Sul, José Thomé, esclareceu que não sabia da liberação e lembrou que o decreto que prevê a proibição de veículos pesados pela rua Rui Barbosa, até o término da obra de asfaltamento, foi assinado há dois anos pelo então prefeito Garibaldi Antonio Ayroso e ainda está em vigor.
“As obras da rua Rui Barbosa ainda não estão prontas e isso significa que em tese não existe essa liberação, até porque o decreto é do prefeito, que é o responsável por legislar questões do perímetro urbano do município e isso nem passaria pelo Deinfra”.
Pego de surpresa com a notícia, Thomé ressaltou que achou a decisão temerosa pela situação que se encontra a contenção da rua Rui Barbosa, que até hoje não foi finalizada.
“Esse limitador fazia com que os caminhões fossem por outras rotas, agora vão vir por aqui e isso vai aumentar o fluxo de veículos pesados circulando nessa região, o que eu repito, é temeroso diante da contenção pendente pelo Estado. Quero deixar bem claro que ninguém aqui no Alto Vale defende mais do que eu a questão do movimento econômico, porém, a situação do muro com esse fluxo é o que mais me preocupa nesse momento. Recebemos a notícia e agora vamos estudar o caso e contatar o Deinfra, tendo em vista que o Estado está devendo a obra, que está há 30 meses atrasada”.
Procurado pela reportagem para falar sobre o impasse, o prefeito de Ituporanga, Osni Francisco de Fragas, o Lorinho, afirmou que não tem conhecimento sobre a questão urbana de Rio do Sul, mas admitiu que desconhece outra rota por onde os veículos passariam senão pela rua Rui Barbosa.
“Os empresário s pediram e não tem outro trajeto então foi solicitado ao Deinfra e eles concordaram em estabelecer um horário e assim foi feito. Como não tinha outra rota entendi que não havia problema passar ali”.
Empresários falam sobre dificuldade
Rogério Mees, é sócio de um posto de combustíveis que tem aproximadamente 100 carretas circulando nesse trecho e ressaltou que hoje a proibição acaba trazendo prejuízos para o desenvolvimento já que sem uma rota alternativa, atualmente os motoristas precisavam transportar apenas metade da carga e depois voltar para buscar a outra metade.
“Hoje para passar em Alfredo Wagner é pior, então é feito duas viagens, leva uma até Rio do Sul, volta buscar a outra e depois segue com as duas na BR-470 e isso gera mais gastos, de tempo e de combustível, então se fosse liberado seria muito melhor”.
De acordo com ele, a liberação total do trecho iria beneficiar centenas de empresas, principalmente as que precisam transportar produtos como cebola, pré-fabricados e ainda de outros setores , que hoje enfrentam dificuldade no escoamento da produção.
Uma alternativa apontada por muitos empresários para pôr fim à polêmica, seria a construção de um contorno viário que está sendo discutido há alguns anos e que foi tema de audiências públicas nesta semana na região, mas não tem previsão de sair do papel.
O que diz o decreto que está em vigor
O decreto assinado em junho de 2015 determinava que veículos de grande porte, cujo Peso Bruto Total (PBT) for superior a 29 toneladas e que o destino ou a origem seja o município, conforme especificado na documentação da carga, especialmente na Nota Fiscal, poderão circular mediante Autorização Especial de Circulação e Estacionamento (AECE), que deverá ser solicitada, obrigatoriamente, por um estabelecimento comercial ou industrial localizado em Rio do Sul. A taxa para emissão do documento é de R$ 21,56 e será válida para somente uma carga, após aprovada pela autoridade de trânsito do município. Além disso, o requerente deverá solicitar a autorização com o mínimo de dois dias úteis de antecedência.
Por Helena Marquardt
Diário do Alto Vale