Leda Gonçalves da Rosa, 92 anos, chamou atenção pela coragem de enfrentar o bandido
Com uma surra de tamanco, uma idosa de 92 anos botou para correr um jovem de 20 anos que assaltava sua casa — e chegou até a esfaqueá-la. O crime ocorreu em Rio Grande, no sul do Rio Grande do Sul, e chamou a atenção pela coragem da vovó.
A aposentada Leda Gonçalves da Rosa surpreendeu um jovem que a assaltava na tarde desta quarta-feira com chutes e golpes de tamanco. A reação, sempre arriscada e desaconselhada pela polícia, teve um custo: ela foi esfaqueada e agredida com socos e pontapés.
Dona Leda dormia quando o intruso invadiu sua casa e despertou a atenção da cachorrinha — companheira dos cochilos vespertinos.
— Ela nunca late. Antes de abrir os olhos, senti que tinha algo errado dentro de casa — contou.
Tinha mesmo. Um jovem de 20 anos, morador da redondeza, estava à beira da cama de dona Leda assim que ela abriu os olhos. Setenta e dois anos mais velha, a vítima ainda tentou levantar, mas uma bofetada lhe jogou de volta para a cama.
O reflexo poderia estar comprometido pela idade — não era o caso. Em resposta ao safanão, e, mesmo deitada, dona Leda não hesitou em dar um pontapé na barriga do assaltante. Ele revidou com a facada que poderia tê-la cegado. A tréplica veio a tamancadas. Na cabeça.
Intimidado, o bandido colocou o que queria em uma sacola e fugiu. Nada de valor: levou apenas um pequeno guarda-chuva preto, uma lanterna ainda na embalagem e a caixa do ferro de passar — que na verdade estava cheio de contas para pagar. Tudo foi recuperado quando o jovem foi detido pelo Policiamento Comunitário, a três quadras do crime.
— Ele entrou em uma funilaria e tentou fugir pelos fundos, mas chegamos a tempo de fazê-lo se entregar — disse o soldado Peterson Borges, um dos responsáveis pela prisão.
O rapaz e a senhora se conhecem porque moram cerca de cinco quadras um do outro. Dona Leda confirma:
— Ele já tinha entrado lá em casa para me roubar R$ 50.
De acordo com a polícia, ele tinha antecedentes de pequenos delitos.
Há 18 anos morando em frente da casa de dona Leda, a estudante Daniele Fernandes acionou a polícia ao vê-la balançando, na janela, uma camiseta suja de sangue.
— Dona Leda é uma pessoa muito querida na vizinhança. Tem pouca gente da família por ela. Então, são os moradores do bairro que visitam, dão carinho, levam salgadinhos pra ela, essas coisas.
Na delegacia, já recomposta do susto, dona Leda destaca, antes de se despedir:
— Tô preocupada é com a minha cachorrinha, que a essa hora deve estar louca de fome.
Diário Catarinense