Agricultura

Estiagem em SC afeta produção agrícola e pode deixar alimentos mais caros

Agropecuária catarinense sofre com a falta de chuva desde o ano passado.

Estiagem em SC afeta produção agrícola e pode deixar alimentos mais caros Foto: Aires Mariga / Epagri

A estiagem prolongada que atinge Santa Catarina desde meados do ano passado fez a produção agrícola do Estado somar grandes perdas nos últimos meses. A região mais atingida é o Extremo Oeste, onde vários cultivos diferentes estão em situação delicada, segundo a Epagri. O Oeste e o Meio-Oeste também sofreram perdas, e a redução da oferta de vários itens pode afetar também a mesa do consumidor catarinense.

Segundo o professor Hercílio Fernandes Neto, responsável pelo cálculo de custo de vida feito pela Udesc, por enquanto Santa Catarina tem índices de inflação parecidos com a média do Brasil, puxados principalmente por fatores como as mudanças de consumo durante a pandemia e o preço do dólar, que fez a exportação crescer — reduzindo o mercado interno. No entanto, a queda na produção de vários produtos agrícolas pode tornar vários itens mais caros para o consumidor, embora ainda não existam projeções monetárias oficiais segundo a Epagri.

Conforme os levantamentos oficiais apresentados pela Epagri, as culturas mais atingidas pela estiagem até agora são o milho, o fumo e a pastagem. No caso do milho silagem, utilizado principalmente para a produção de ração, a perda média no Estado foi de 6,7%, mas em algumas cidades a queda chegou a 25% na safra.

— O produtor agora está usando a silagem que guardou do ano passado. Vai chegar em março, abril, maio do ano que vem, quando vai estar usando a de agora, e não vai ter ou vai ter muito pouco. Tem produtor guardando a palha do trigo já pensando em substituir na falta de milho — explica o analista da Epagri Haroldo Tavares Elias.

Assim como o milho, a pastagem também impacta na agropecuária. Até o início de novembro, o Oeste catarinense já viu grandes perdas na quantidade de pastagem disponível para os bovinos. Na prática, isso afeta o ganho de peso e a produção de leite dos animais na região que responde por 80% da produção leiteira de Santa Catarina.

Alho foi o mais atingido no inverno

Tempero básico no dia a dia do brasileiro, o alho foi a cultura de inverno mais afetada pela estiagem em Santa Catarina. A projeção da Epagri aponta uma queda de 15% na safra deste ano. No entanto, nas regiões que ainda estão plantando a situação é melhor.

 

Estiagem volta a preocupar catarinenses

A cebola também foi afetada, mas em níveis menores. Santa Catarina é o maior produtor do Brasil, e deve encerrar a safra com uma queda de 1,76%. A queda foi mais drástica no Oeste, onde chegou a 15%, e no Vale do Itajaí que viu a produção cair 8,17%.

Como se tratam de produtos que tiveram a colheita recente, ou ainda estão na safra, o impacto da produção menor ainda não chegou ao consumidor final.

Já em relação aos cultivos que estariam na lavoura atualmente, o mais afetado é a soja. Tradicionalmente o mês de novembro seria de plantações de soja em alta, mas a falta de chuva já tem preocupado os produtores.

— Seria o auge da soja agora, mas o pessoal está atrasando. Os produtores estão preocupados. Quem pode segurar a plantação está segurando, e quem já plantou está com problema — explica Haroldo.

 

A situação da chuva em SC

As lavouras estão refletindo um cenário de chuva abaixo da média que atinge Santa Catarina desde a metade do ano passado. A região mais atingida pela estiagem é o Meio Oeste, onde segundo as estimativas faltou chover quase 900mm acumulados no período para que as médias históricas fossem alcançadas. O mês passado foi o pior até agora, quando choveu apenas 29,2mm, enquanto a média histórica de outubro é de 154mm.

No Extremo Oeste a situação foi parecida, com 711mm a menos que a média para o período. Lá o pior mês foi setembro, com 30mm acumulados de chuva em um mês cuja média esperada era de 174mm.

Conforme a Epagri, 14 dos principais rios de Santa Catarina estão em estado de alerta, e alguns rios menores estão secos pela primeira vez. Devido ao fenômeno La Niña que atua no Sul do Brasil, a previsão até janeiro é de chuva abaixo da média, com irregularidades.

 

Por Lucas Paraizo

NSC Total

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