Polícia

Conversas em aplicativo revelam esquema milionário que envolvia morador de Rio do Sul em roubos de cargas nas rodovias

As conversas mostram que quadrilha atuava pelo menos em Santa Catarina, Paraná e São Paulo.

Conversas em aplicativo revelam esquema milionário que envolvia morador de Rio do Sul em roubos de cargas nas rodovias Foto: TV Globo/Reprodução

 

O Fantástico exibiu neste domingo (10) reportagem especial sobre um esquema milionário de desvio e roubos de cargas no país. O personagem principal dessa história é Sidemar Luiz Tonet, morador de Rio do Sul. Ele é acusado de ser um dos chefes da quadrilha que agia pelo menos nos estados de Santa Catarina, Paraná e São Paulo.

Foi através de conversas feitas por um grupo de bate-papo no celular de Sidemar que a polícia descobriu como a quadrilha de criminosos atuava. Eles tinham um grupo chamado "trapaça transportes" no aplicativo. Na perícia feita pela polícia no celular de Sidemar foram encontrados mais de 15 mil áudios e vídeos trocados entre a quadrilha.

A investigação começou com a apreensão de um caminhão com carga de 11 toneladas de queijo parmesão, em Teodoro Sampaio, em São Paulo. Sidemar foi acusado de intermediar a mercadoria e está preso desde maio de 2017 onde aguarda julgamento por esse desvio.

Analisando os áudios a polícia descobriu a estratégia dos crimonosos. Veja trechos:

Sidemar: "A gente não trabalha no 157, nem no 155. A gente trabalha de outra forma".

Conforme a polícia, Sidemar queria dizer que não rouba, artigo 157 do código penal, e não furta, artigo 155.

A outra forma que ele cita nas conversas é a participação dos próprios caminhoneiros no desvio das cargas. Em alguns casos a quadrilha até simulava as agressões para parecer que o roubo era real. Veja trecho em que Sidemar fala com um comparsa:

Sidemar: "Fala pra ele que a costela dele vai ficar mais mole que a barriga, entendeu Neto, que é tranquilo, fala pra ele que é tranquilo, é só umas pancadas pra ficar roxo, nós não vamos machucar muito, só um pouco".

Tudo interessava para a quadrilha, todo tipo de mercadoria pois diziam ter cliente para tudo, segundo a polícia. A mercadoria ia para um intermediário que vendia para os clientes.

Criminoso: "Peça de motor, qualquer coisa, ele fica com tudo, entendeu? É um parceiro meu tá Side? De São Paulo.

Um dos empresários lesados foi Eduardo Möller, de Luis Alves, Vale do Itajaí. No celular de Sidemar foi encontrada uma foto de nota fiscal com a carga de palmitos roubada da empresa do Eduardo no valor de R$ 98.372,94. Foi o próprio Sidemar que negociou o produto. Veja trecho:

Criminoso: "Eu tenho cliente para esse material".

Sidemar: "Você já me fala o que paga, tudo certinho. E daí a gente já vê uma carreta, tá?

A mercadoria não tinha seguro e Eduardo perdeu tudo. O motorista havia sido contratado através de uma agência de transportes. Segundo a polícia os motoristas ficavam com 10% do valor da carga desviada.

Prejuízos que deixam marcas . "Quando é quebrado um vidro na empresa a gente já sofre o prejuízo, imagina uma carreta cheia de palmito de qualidade, deixa a gente transtornado", disse o empresário.

No Brasil 70 cargas são roubadas nas rodovias todos os dias. Existem em torno de 3 milhões de motoristas de caminhões no país, e segundo Norival de Almeida Silva da Federação dos Caminhoneiros de Cargas de São Paulo, menos de 10% se envolvem em esquemas criminosos.

A polícia agora pretende indentificar os motoristas e intermediários e tentar recuperar parte das mercadorias roubadas pela quadrilha.

O advogado de Sidemar disse que vai esperar ter acesso ao conteúdo investigado para adotar a estratégia de defesa.

 

Por Pedro Rockenbach, NSC TV

G1 SC

Outras Notícias