A Associação dos Fumicultores do Brasil (AFUBRA) tem intensificado campanhas de orientação junto aos produtores de tabaco. Segundo o tesoureiro da entidade, Fabrício Murini, um dos focos é o uso de sementes certificadas, que garantem maior qualidade à lavoura. A campanha, promovida pelo SindiTabaco com apoio das entidades representativas, reforça a importância de adquirir sementes que passaram por testes de germinação e fiscalização genética.
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Outro tema abordado é o respeito ao calendário de plantio. Conforme Murini, embora o cronograma seja apenas sugestivo, ele foi pensado para proporcionar melhor produtividade e qualidade. A antecipação do plantio, comum entre produtores, tem se mostrado arriscada, especialmente devido aos efeitos do clima, como a queima das folhas em meses mais quentes.
“Cada safra é diferente. Mesmo dentro do calendário, o clima pode impedir o transplante. Mas, seguir as orientações técnicas ajuda a alcançar bons resultados”, afirmou Murini.
Venda de tabaco segue abaixo do esperado
Entre a primeira e a segunda quinzena de abril, a comercialização do tabaco tem se mostrado mais lenta. Segundo o tesoureiro da AFUBRA, a indústria iniciou as compras mais tarde nesta safra. Além disso, as chuvas escassas nos meses de janeiro e fevereiro dificultaram o manuseio, a classificação e o enfardamento dos produtos.
Até agora, foram comercializados apenas 35% da safra gaúcha. Em Santa Catarina, o índice está próximo de 50%, enquanto no Paraná chega a 49%. Apesar disso, o Rio Grande do Sul representa 43% da produção nacional.
Na safra anterior, no mesmo período, os índices foram mais altos: 80% no RS, 95% no Paraná e 90% no total. A diferença se explica, em parte, pela quebra de safra no ciclo passado e pela alta procura, o que acelerou o processo.
Compra direta na propriedade gera transição e ajustes
Desde esta safra, a compra de tabaco diretamente nas propriedades tornou-se obrigatória por lei no Rio Grande do Sul. Conforme Murini, a mudança representa uma adaptação tanto para produtores quanto para a indústria. “É um primeiro ano de transição. A indústria enfrentou dificuldades logísticas, mas os processos estão se ajustando com o tempo”, observou.
A regra exige que a classificação do produto ocorra na propriedade. Depois, os fardos devem ser encaminhados à empresa. O modelo tem despertado interesse também em Santa Catarina e no Paraná, onde ocorrem audiências públicas para debater sua implantação.
Para a AFUBRA, é essencial que os três estados adotem regras unificadas. Segundo Murini, isso fortalece a negociação dos produtores e valoriza a produção de qualidade, que segue como referência no mercado internacional.
Ouça a reportagem de Josué Eger.