O deputado federal catarinense Zé Trovão (PL) foi acusado de agressão pela ex-noiva, Ana Rosa Schuster. A partir da denúncia da ex-companheira do parlamentar, a Justiça aplicou a ele medidas cautelares previstas na Lei Maria da Penha, como afastamento do lar, proibição de aproximação da vítima a menos de 300 metros de distância e impedimento de contato por telefone, e-mails e redes sociais.

Em depoimento à Polícia Civil do Distrito Federal, Ana Rosa afirmou que teria sido empurrada e enforcada pelo parlamentar na manhã deste domingo (19), no apartamento funcional do político, na capital federal. Segundo o relato da vítima, os dois se relacionavam há 11 meses e moravam juntos desde junho deste ano. Neste período, segundo ela, Zé Trovão teria a ameaçado de agressão com facas por três vezes.

Há cerca de uma semana os dois teriam terminado o relacionamento e combinaram de que ela deixaria o imóvel até o dia 29 deste mês, quando passaria a assumir um novo aluguel. Na manhã deste domingo, após Zé Trovão ter chegado em casa de madrugada, Ana teria entrado no quarto para pegar pertences pessoais e sair do apartamento. Neste momento, Zé Trovão teria saído do quarto e os dois discutiram. O deputado, ainda segundo o depoimento da vítima, teria empurrado a ex-noiva e apertado o pescoço dela.

Zé Trovão teria expulsado a ex-noiva do apartamento e a conduzido até o térreo. Em seguida, ela acionou a polícia para denunciar o caso. Os relatos do depoimento à polícia são citados na decisão do 3º Juizado de Violência Doméstica e Familiar Contra Mulher de Brasília, que estabeleceu as medidas cautelares contra o deputado catarinense.

A decisão do juiz Carlos Fernando Fecchio dos Santos, que atendeu ao pedido da defesa de Ana Rosa e concede as medidas protetivas contra Zé Trovão, foi publicada na noite deste domingo (19).

O que diz o deputado

Em nota enviada pela assessoria, o deputado Zé Trovão disse lamentar o ocorrido e sustentou que a ex-noiva se recusava a aceitar o fim do relacionamento, embora já estivessem separados há algumas semanas. “Num momento de exaltação em uma discussão, ela o agrediu fisicamente. O deputado apenas a conteve, sem jamais feri-la”, diz um trecho da nota.

O parlamentar defende ainda que chamou a polícia por sua própria iniciativa, segundo ele para preservar os dois. “Zé Trovão reafirma que jamais agrediu a ex-noiva, ressalta que tem respeito e consideração pelo período em que estiveram juntos e que todos os fatos foram devidamente elucidados junto à autoridade policial”, diz o trecho final da manifestação.

A reportagem tentou ouvir a ex-noiva de Zé Trovão, Ana Rosa Schuster, e a Polícia Civil do DF, mas não conseguiu contato até a última atualização desta publicação.

Quem é Zé Trovão

Marcos Antônio Pereira Gomes, mais conhecido como Zé Trovão, ganhou notoriedade ao liderar manifestações de caminhoneiros pelo país. Teve pedido de prisão solicitado pela Procuradoria-Geral da República e aceito pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, no inquérito que apurou atos antidemocráticos. Fugiu para o México antes de a ordem de prisão ser cumprida.

Ganhou visibilidade com vídeos em que defendia o presidente Jair Bolsonaro e temas em linha com ele, como intervenção militar e impeachment de ministros do STF. Zé Trovão chegou a ficar três meses preso em regime fechado, dois em formato domiciliar e utilizou tornozeleira eletrônica como parte das sanções estabelecidas pelo STF.

Em outubro do ano passado, concorreu a deputado federal pelo PL, partido do ex-presidente Bolsonaro, e foi eleito com 71,1 mil votos.