Mesmo durante a entressafra, entre abril e agosto, quando historicamente a oferta de leite é menor e os preços costumam subir, o valor pago ao produtor no Brasil começou a recuar. A análise é do pesquisador em economia da Embrapa Gado de Leite, Samuel Oliveira.
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Segundo ele, até o mês passado, o mercado registrava aumentos constantes no preço do leite. Contudo, nas últimas semanas, os primeiros sinais de retração começaram a aparecer, contrariando a tendência habitual do período.
Alta nos insumos e menor consumo pressionam o setor
A queda nos preços pode ser explicada por fatores tanto do lado da oferta quanto da demanda. Apesar da entressafra, condições climáticas mais amenas favoreceram a produção em diversas regiões, mantendo a oferta em níveis relativamente elevados.
Do lado do consumo, o cenário também não é animador. Os preços dos derivados lácteos subiram mais que a inflação nos últimos doze meses, o que reduziu o poder de compra dos consumidores. “Diminui a venda, diminui a força do mercado consumidor e a indústria tem dificuldade de repassar preços”, explicou o pesquisador.
Enquanto o preço do leite tende à queda, os custos de produção continuam pressionando o produtor. Nos últimos meses, insumos como milho e soja tiveram os preços reajustados, impactando diretamente nas despesas das propriedades leiteiras.
A safrinha do milho, que ainda está por vir, será determinante para o custo dos próximos meses. “O milho é um insumo fundamental. Dependendo da produção, pode haver alguma alívio nos custos”, destacou Oliveira.
Eficiência e escala são caminhos para manter a lucratividade
Para lidar com esse cenário desafiador, Samuel Oliveira recomenda que o produtor se coloque no lugar de empresário e busque eficiência produtiva. Ele destaca três pontos principais:
- Melhorar a produtividade por animal;
- Aumentar a escala de produção;
- E investir em gestão e tecnologia.
“Quem produz mais, geralmente recebe mais. Isso ocorre porque o laticínio prefere coletar mil litros em uma única propriedade do que buscar cem litros em dez lugares diferentes. Essa escala reduz custos operacionais”, explicou.
Ouça a entrevista de Josué Eger.