Ex-deputado federal é investigado em seis inquéritos da Operação Lava-Jato
Investigado em seis inquéritos da Operação Lava-Jato, cinco abertos no Supremo Tribunal Federal (STF) , o ex-deputado federal catarinense João Pizzolatti (PP) tem futuro incerto dentro da legenda. O PP já avalia os impactos negativos que a presença do ex-parlamentar na executiva estadual da sigla podem trazer perante a sociedade e para os resultados das eleições municipais do ano que vem.
— O que não pode é o partido bancar o avestruz e colocar a cabeça em um buraco esperando que os outros esqueçam — diz o deputado federal Esperidião Amin, tanto sobre o PP no plano nacional, quanto no estadual.
Pizzolatti é vice-presidente do PP de SC. É também secretário extraordinário de Relações Institucionais e Promoção de Investimentos do Estado de Roraima, cargo que lhe rendeu foro privilegiado na região Norte do País e fez com que a única petição que envolve seu nome e que não está no STF seja julgada longe do juiz Sérgio Moro, da Justiça Federal de Curitiba.
— Não há como negar que o episódio como um todo atinge o partido, embora a instituição não tenha nada a ver com isso. Infelizmente temos um membro do nosso partido que está muito envolvido. Por outro lado, dos dois parlamentares da nossa legenda que nos representam hoje no Congresso Nacional, nenhum tem qualquer citação — diz o presidente do PP em SC, Joares Ponticelli, referindo-se a Amin e Jorge Boeira.
Apesar de a situação estadual ser menos traumática que no Rio Grande do Sul — com cinco citados — e no Paraná, a presença de Pizzolatti na lista de investigados tem gerado muitos incômodos internamente na executiva do PP.
— O partido não pode subestimar a opinião pública. Nenhum partido pode e o nosso também não. Esse é um desafio que está posto perante a executiva do PP, cujo vice-presidente é o Pizzolatti. Se a executiva disser que não é com ela e fizer olhar de paisagem, o povo não vai fazer o mesmo — disse Amin.
As duas principais lideranças do partido em Santa Catarina, no entanto, afirmam que não podem ser juízes do caso e já condenar o ex-parlamentar. Alegam que, apesar de ter aparecido em denúncias anteriores do caso, deve ter amplo direito a defesa. Uma expulsão da legenda, por exemplo, só entraria em discussão após o julgamento dos fatos pela Justiça.
Pepistas defendem punição a culpados
— O que eu espero é que se comprove, não com a lentidão do Mensalão, mas que a Justiça seja célere na apuração e na punição com rigor. Não pode ser aquela pena de faz de conta que foi para o Mensalão. Tem que ser uma punição exemplar, para a gente ter esse Brasil passado a limpo. Para todos, sem exceção — disse Ponticelli.
A posição se repete entre lideranças do PP na Assembleia Legislativa do Estado. O deputado Silvio Dreveck, líder do governo Raimundo Colombo (PSD) no Legislativo estadual, disse que é necessário comprovar os fatos, mas defende que os atos teriam sido praticados de forma independente pelo então deputado federal e a legenda não pode ser parte de atos que contrariam o interesse público:
— Eu penso que, na medida em que for investigado e comprovado, terá que responder pelos seus atos e o partido tem que ficar isento disso porque foi uma atitude pessoal dele. Ele pertence ao nosso partido, mas nós não podemos convalidar esse tipo de atitude.
A reportagem tentou falar com Pizzolatti novamente nesta segunda-feira, mas ele não atendeu às ligações. Em nota, o ex-parlamentar disse que é cedo para falar sobre o assunto.
Diário Catarinense