A cada dia, nove mulheres foram vítimas de estupro em Santa Catarina em 2021. É o que apontam os dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública sobre Violência contra a Mulher no Braisl, divulgados esta semana. Só no ano passado, 3.298 casos de estupro e estupro de vulnerável foram registrados no Estado.
O levantamento, segundo o fórum, foi realizado com base em boletins de ocorrência das Polícias Civis das 27 unidades de federação. No geral, a pesquisa apontou um aumento nos registros de estupro e estupro de vulnerável no ano passado no país.
Ao todo, o Brasil teve 56.098 boletins de ocorrência envolvendo os crimes em 2021. Isso siginifica que, a cada 10 minutos, uma menina ou mulher foi vítima de estupro no país. Um aumento de 3,66% se comparar com os números de 2020, quando foram 54.116 registros.
São Paulo lidera o ranking com 10.644 casos, seguido de Paraná, com 5.025, e Rio de Janeiro, com 4.432. Já Santa Catarina aparece em 6º lugar no ranking que contabiliza o número de casos no país.
Porém, se levar em conta a taxa média de estupros e estupros de vulneráveis a cada 100 mil habitantes, Santa Catarina conta com uma quantidade acima da média nacional. No Brasil, a taxa foi de 51,8 para cada 100 mil habitantes do sexo feminino. Já no Estado, esse número salta para 90 a cada 100 mil. É o maior número entre a região Sul: Rio Grande do Sul registrou uma taxa de 59,5, enquanto o Paraná teve 85,4.
Para a coordenadora das Delegacias de Proteção à Criança, ao Adolescente, à Mulher e ao Idoso (DPCAMI) de Santa Catarina, delegada Patrícia Zimmermann D'Ávila, os números refletem as ações realizadas para que, cada vez mais, os casos de estupro sejam notificados no Estado e não escapem das estatísticas.
— Em alguns casos, o criminoso está próximo da vítima [de estupro] e, por isso, a subnotificação é muito grande. O que vemos por aqui é que temos uma política pública muito forte em relação a violência sexual e um facilitador para a comunicação desse crime, o que ajuda na denúncia e diminui a subnotificação — diz.
A cultura do estupro
Nas ruas, em casa ou até dentro de um relacionamento. O estupro é um crime silencioso e que deixa marcas permamentes nas vítimas. Mas, em alguns casos, a subnotificação ainda ocorre, o que dificulta o acesso da polícia às vítimas. Para Patrícia, a questão cultural é um dos motivos para a falta de denúncias.
— Quando uma mulher está em um relacionamento e se nega a fazer sexo, isso é estupro. Porém, por vergonha, ela não denuncia. Muitas pessoas ainda entendem que no casamento há a obrigação de manter a relação sexual. Temos que ter em mente, no crime de estupro, que a comunidade precisa de uma evolução — explica.
Atualmente, segundo a delegada, 89% das denúncias de estupro, que são confirmadas, os autores são identificados. Por isso, ela reforça a importância dos sinais e da notificação dos casos:
— Em caso de criança, a dica é prestar muita atenção na mudança de comportamento. Além disso, a violência sexual também pode ocorrer pela internet, por isso, faça o monitoramento do que seu filho acessa. Já aquelas que estão em um relacionamento e estão sendo abusadas, procurem a Polícia Civil.
SC tem queda no número de feminicídios
O levantamento do Fórum Brasileiro de Segurança Pública também trouxe dados referente aos casos de feminicídio registrados no país em 2021. Ao todo, 1.319 mulheres foram assassinadas, uma queda de 2,4% em relação a 2020.
Em Santa Catarina, foram 55 casos, uma redução de 3,5% em relação a 2020, quando foram 57.
No entanto, Santa Catarina também ficou com uma taxa no número de casos maior que a nacional. No Brasil, foram 1,22 mortes a cada 100 mil mulheres. Santa Catarina a taxa é de 1,5 a cada 100 mil, em 2021.
Por Luana Amorim
DC / NSC Total