Produção de cebola no Brasil deve se manter elevada em 2025, apesar de crise nos preços. O alerta é do pesquisador da Epagri, Daniel Schmidt, entrevistado neste sábado no Jornal da Sintonia Especial. Segundo ele, após o encerramento do Seminário Nacional da Cebola, em Minas Gerais, foi possível compilar os dados das principais regiões produtoras do Brasil e da Argentina.
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De acordo com o levantamento, a área plantada no Brasil deve se manter nos mesmos patamares do ano passado, com pequenas variações entre os estados. Isso indica uma continuidade nos investimentos, reflexo de três anos positivos anteriores. No entanto, Schmidt lembra que os preços estão em queda há oito meses, o que acende um sinal de alerta para a rentabilidade dos produtores.
No Sul do país, a situação varia. O Paraná deve reduzir a área plantada em cerca de 400 hectares, voltando à média de produtividade tradicional. Já o Rio Grande do Sul deve manter a área, mesmo com os preços baixos. Em Santa Catarina, há uma leve tendência de aumento, com expectativa de 19.500 hectares e boas projeções de produtividade, caso as condições climáticas se confirmem.
Outras regiões também apresentam equilíbrio. São Paulo deve manter a área, Minas Gerais deve ter pequena redução, enquanto Goiás deve compensar com aumento. No Nordeste, há incerteza: a recente valorização de outras culturas, como o tomate, pode incentivar o plantio de cebola, principalmente na região de Irecê, na Bahia.
O pesquisador também alerta para a concorrência externa. A Argentina aumentou sua produção e, somente em maio, exportou mais de 50 mil toneladas de cebola ao Brasil, pressionando o mercado. A expectativa é de que os argentinos reduzam a área plantada na próxima safra, após também enfrentarem preços baixos.
Na região do Alto Vale do Itajaí, em Santa Catarina, o plantio já está praticamente definido. A produção de mudas foi satisfatória, e o uso da semeadura direta está em crescimento, com expectativa de representar até 40% da área total no estado. Isso reduz a dependência de mão de obra e torna o processo mais eficiente.
Para Daniel Schmidt, o grande desafio do setor está no consumo interno. O Brasil está há 15 anos produzindo a mesma quantidade de cebola, enquanto a população cresce, ainda que lentamente. Ele defende campanhas para estimular o consumo e fortalecer o mercado.