O Corpo de Bombeiros começou o mapeamento de áreas não-guarnecidas — que não contam com guarda-vidas — que tiveram mortes por afogamento no Estado. O objetivo é investir em ações pontuais nesses lugares para prevenir afogamentos no próximo verão. Nesta temporada, a região entre Itajaí e Itapoá, no Litoral Norte, foi a que registrou mais mortes no Estado, onde oito pessoas perderam a vida, conforme dados preliminares do mapa.
A iniciativa surgiu após ter sido observado aumento considerável de mortes nas últimas temporadas, sobretudo em rios e riachos, que subiu gradativamente de 18 para 48 desde 2014 nas áreas onde não há guarda-vidas. O aumento mais expressivo neste período foi dos casos registrados em rios, lagoas, entre outros locais de água doce, sem supervisão, que saltou de 4 para 32 neste período.
— Percebemos que tem morrido muitas pessoas em água doce no interior do Estado, então estamos traçando estratégias para reduzir isso. A gente identificou a localidade de cada afogamento, o local exato. Por exemplo, em Lages tem o Salto do Rio Caveira, um ponto em que os moradores vão lá para se banhar durante o verão. Como a gente já sabe qual é o local, vamos trabalhar para na próxima temporada fortalecer a prevenção na Operação Veraneio — explica o subchefe do Centro de Comunicação Social do Corpo de Bombeiros, Ian Triska.
Além dos dados da Operação Veraneio, que levam em conta as áreas com guarda-vidas, nos últimos anos têm sido identificados também os locais sem supervisão, visando atuar de maneira preventiva. Com a finalização do mapeamento, ações estão previstas para serem incluídas no planejamento do próximo verão.
— Colocar guarda-vidas onde não tem ou colocar mais placas de sinalização, ainda que as pessoas retirem. Mais boias, uma raia, uma corda na água para identificar a profundidade máxima, enfim. A gente já trabalha na questão da prevenção, mas vamos fazer mais ainda para tentar minimizar essas mortes nos locais onde não tem a presença de guarda-vidas. A gente sabe que são ações que podem sofrer atitudes de vandalismo, se o Estado pagar uma boia de salvamento para ficar lá alguém pode roubar. Mas, por outro lado, pode ser que salve uma vida — afirma Triska.
Mortes por afogamento em SC (2014-2019)
Interior catarinense têm cinco municípios com guarda-vidas
Lages, Chapecó, Itá, Itapiranga e Mondaí são os municípios catarinenses que contam com guarda-vidas em locais de água doce, como rios, lagoas, riachos. Exceto por Lages, todos eles estão localizados nas regiões Oeste e Extremo-Oeste do Estado.
— A gente tem mapeado os locais onde o pessoal tem o costume de tomar banho, no interior. Mas muitas mortes acontecem em lugares distantes, com dificuldade de a gente prever, porque não são tipicamente frequentado durante a operação veraneio.
Triska conta que a escolha por esses locais onde há guarda-vidas é feita pelos batalhões dos municípios. Além do número de banhistas, a quantidade de dinheiro repassado é levado em conta nesta decisão.
— A maior parte dos recursos recebidos, cerca de 97%, é destinada à contratação dos guarda-vidas civis, ou seja, quanto mais recursos recebidos, mais guarda-vidas são contratados – ressalta.
Nesta temporada, um total de R$ 12,6 milhões foram repassados ao Corpo de Bombeiros, conforme o relatório da Operação Veraneio. Desse valor, R$ 12,2 milhões foram destinados ao pagamento de guarda-vidas civis. São 1.146 em todo o Estado.
— Nosso limite financeiro é o mesmo, então a quantidade de guarda-vidas por ano acaba sendo a mesma. Não temos como reduzir do litoral onde a praia enche e tem muito mais gente. Gostaríamos de ter de três a quatro vezes mais recursos financeiros para colocar guarda-vidas em mais localidades do interior — explica Triska.
Alta temporada de verão termina com 51 mortes por afogamento em SC, 3 em áreas supervisionadas
A temporada de verão, marcada por temperaturas que mais de uma vez beiraram os 40°C, já registrou 51 mortes por afogamento em Santa Catarina. O dado leva em conta o período entre 4 de outubro de 2018 a 11 de março de 2019.
Das 51 mortes, 48 foram em áreas que não contam com a presença de guarda-vidas, sendo 32 delas em rios, lagoas e afins, e 16 no mar. Nos locais com a Operação Veraneio, houve três mortes onde há postos salva-vidas de acordo com Triska: na Praia de Cabeçudas, em Itajaí, no Vale; na Praia dos Ingleses, em Florianópolis, e em Governador Celso Ramos.
O Corpo de Bombeiros Militar do Estado divide a temporada em três fases: baixa temporada, que teve início no dia 4 de outubro e terminou em 20 de dezembro de 2018; alta temporada, que começou no dia 21 de dezembro de 2018 e terminou no dia 11 de março; e pós-temporada, que iniciou no dia 12 de março e está prevista para encerrar no dia 21 de abril.
A temporada passada terminou com 52 mortes por afogamento no Estado, sendo 51 delas em locais sem guarda-vidas. Destas, 33 aconteceram em água doce e 18 no mar. Conforme levantamento feito pelo Corpo de Bombeiros do Estado, durante a operação 2017/2018 uma pessoa morreu em praia onda há posto salva-vidas.
Por NSC Total