O Podemos informou nesta quinta-feira que o partido deixará a coligação majoritária de Gelson Merisio (PSD) após o pessedista declarar publicamente o voto e apoio ao presidenciável Jair Bolsonaro (PSL). A ideia é manter as coligações proporcionais, em que o partido está com PRP/PPL/PHS/Pros (para deputado federal) e com PDT/PHS/PCdoB (para estadual). De acordo com nota oficial da sigla, o pedido já foi protocolado no Tribunal Regional Eleitoral do Estado (TRE-SC).
Conforme o presidente do Podemos catarinense, Vilson Sandrini Filho, o partido foi pego de surpresa com o anúncio de Merisio, já que haveria um acordo de que o candidato ao governo não apoiaria nenhum presidenciável no primeiro turno justamente pela diversidade de 15 siglas que compõem a aliança.
Três dessas legendas têm candidaturas próprias ao Planalto, incluindo o Podemos com Álvaro Dias, o PDT com Ciro Gomes e o PPL com João Goulart Filho. Há ainda candidatos a vice-presidente, com Ana Amélia (PP), Eduardo Jorge (PV) e Manuela d'Ávila (PCdoB).
— A surpresa do Podemos não está apenas na manifestação (de Merisio) antes do primeiro turno, mas também na indicação de um candidato a presidente fora da coligação. A questão nesse momento sequer passa pela qualificação ou não do candidato que ele anunciou apoio, mas pela desagradável surpresa ocorrida com essa conduta. Isso foi tomado pelo Podemos como uma questão de grande gravidade — declara Sandrini.
O TRE, via assessoria, disse que o pedido para sair da coligação será avaliado juridicamente, mas informou que não tem como detalhar quais os possíveis desdobramentos disso. Também via assessoria, Merisio declarou apenas que se a decisão do Podemos for por deixar a aliança, respeitará esse posicionamento.
PPL se reúne
O PPL, segundo o presidente do partido em SC, Iburici Fernandes, se reúne no início da noite desta quinta para definir se haverá alguma manifestação ou medida em relação a esse apoio.
— Fomos pegos de surpresa. Temos nosso candidato próprio a presidente e temos que respeitar isso — afirmou.
Outros partidos da coligação se manifestam
Outros partidos que compõem a coligação de Merisio também se manifestaram a respeito do apoio a Bolsonaro.
O presidente estadual do PSB, Paulinho Bornhausen, disse que o indicativo da sigla em Santa Catarina é o voto em Geraldo Alckmin (PSDB) e que entende a declaração de Merisio como um voto pessoal.
— Portanto, não nos afeta enquanto partido — pontuou.
O PCdoB catarinense divulgou nota oficial assinada pelo presidente Douglas Mattos em que reitera o compromisso com Fernando Haddad (PT) à Presidência e relata que desde o início das tratativas com Merisio "teve por premissa o respeito à pluralidade e diversidade de forças e palanques que vieram a compor a chapa estadual". É nessa condição, continua o texto, "que seguimos no arranjo regional com Gelson Merísio, que reúne melhores condições de liderar o programa de trabalho que Santa Catarina precisa e onde o PCdoB poderá buscar seus objetivos de superação da cláusula de desempenho, a eleição de uma deputada federal e a manutenção de sua cadeira na Alesc". No fim, a nota "manifesta publicamente a divergência acerca da posição adotada pelo candidato em relação à eleição presidencial".
O presidente do DEM de SC e candidato a vice de Merisio, João Paulo Kleinübing, se pronunciou em vídeo nas redes sociais também apoiando Bolsonaro, mas deixando claro que é um posicionamento pessoal, respeitando todos os filiados ao partido e as demais siglas da coligação. O PP catarinense classificou a manifestação de Merisio como uma decisão pessoal e a sigla não deve se manifestar oficialmente a respeito.
Por meio de nota oficial, o diretório estadual do PDT esclareceu que "a coligação 'Aqui é Trabalho' permanece sem candidato oficial a presidente" e que Gelson Merisio "manifestou sua posição pessoal". Diante disso, os pedetistas reafirmaram o posicionamento em favor do presidenciável Ciro Gomes.
Círio Vandresen, presidente estadual do PRP, afirmo que, neste momento, o entendimento do partido é de que a manifestação de Merisio é pessoal, que o voto é livre e não cabe questionar o voto dele. O partido entende também que esta não uma orientação de voto aos demais coligados. Disse ainda que o PRP não apoia Bolsonaro e segue fazendo a campanha como já estava sendo feita. Não houve uma discussão sobre o assunto com a executiva e até o dia 7 a tendência é de que não haja reuniões para discutir isso.
Nelson Custódio, secretário do PRB, informou que ainda não foi tomada nenhuma decisão e que o partido ainda está avaliando a situação. O presidente estadual do partido já esteve no diretório, mas não definiu quais serão os próximos passos. Custódio acredita que a tendência é de que tudo fique como está até o primeiro turno, mas isso vai depender dos próximos dias pois o diretório estadual deve entrar em contato também com a comitiva nacional. Não há previsão de data para uma nova reunião.
Por meio da assessoria, o PV informou que segue na coligação por entender que este é um posicionamento do candidato Merísio e do partido que ele representa (PSD) e declarou que o PV não apoia Bolsonaro, já que antes de se coligar no Estado já havia acertado em convenção nacional que iria apoiar a chapa de Marina Silva, que tem como candidato a vice Eduardo Jorge, do PV.
O presidente estadual do Solidariedade, Osvaldo Mafra, informou que o partido vai permanecer na coligação, independentemente da posição pessoal de Merisio. A legenda, que em âmbito nacional apoia Alckmin, afirmou que não vai fazer campanha para nenhum presidenciável no Estado. O partido também informou que não vai se manifestar sobre a decisão do Podemos, que pretende sair da coligação.
A reportagem entrou em contato com a assessoria do PSC, mas não houve retorno até as 16h15min desta quinta. Representantes de Pros e PHS não foram localizados.
Por Victor Pereira
Diário Catarinense